Minha História, Nossa Luta

Dra. Lêda Facó – Minha História, Nossa Luta

A Defensora Pública aposentada, Dra. Lêda Facó, é a 8ª. entrevistada do quadro “Minha História. Nossa Luta.”, através do qual a Adpec divulga a história profissional dos Defensores Públicos que, ao longo de sua carreira, muito contribuíram para a valorização da categoria.

Lêda Célia Barrocas Facó

Formada em Direito e Pedagogia pela Universidade Federal do Ceará, Dra. Lêda se interessou pela carreira de Advogado de Ofício quando começou a estagiar, ainda estudante universitária, na Caixa de Assistência Jurídica do Estado do Ceará (CAJE). “Via o trabalho dos advogados de ofício e sentia que era o que eu queria fazer. Atender às pessoas, poder ajudar os mais necessitados. Era a atividade que queria abraçar como profissional”, conta, acrescentando que “não sabia como conseguir este trabalho, que era um cargo que dependia de nomeação política, e eu não conhecia ninguém que tivesse qualquer influência nesse meio”.

“Um belo dia, quando lecionava Direito e Legislação no Colégio Justiniano de Serpa, encontrei o Dr. Bezerra, que à época já era Advogado de Ofício. Sabendo do meu grande interesse em ser Advogada de Ofício, ele me avisou que seria realizado o primeiro concurso e que eu me preparasse para fazê-lo”, ressalta.

Em 1979, conciliando as funções de professora e dona de casa – “tinha marido e três filhos pequenos para cuidar”, diz -, Dra. Lêda varava a madrugada estudando. Passou, sendo nomeada em 1981. “Fui para a 3ª. Entrância em Nova Russas. Quando cheguei, o juiz me perguntou se eu havia sido nomeada e eu disse que não, que era concursada – com muito orgulho. Embora gostasse do trabalho, foi um período difícil, pois, não me sobrava muito tempo para a família”, diz.

Dra. Lêda relembra que, como há dez anos não atuava como advogada, teve que criar um mecanismo de trabalho. “Fiz fotocópia de todos os processos referentes a divórcio, pensão alimentícia etc, além de ler muitos livros sobre o assunto, e fui aprendendo como se fazia”, conta.

Naquele município, Dra. Lêda trabalhou por um ano. Ela conseguiu, após oficializar à Secretaria de Justiça solicitando transferência para a Capital ou cidade mais próxima. “O secretário da época era um amigo meu e me disse que o local mais próximo de Fortaleza era Cascavel. Aceitei na hora”, lembra.

Em Cascavel, Dra. Lêda trabalhou durante dez anos. Apesar das dificuldades enfrentadas, ela diz que foi muito bem acolhida na cidade, além do fato de estar realizando um trabalho que sempre quis fazer. “Tinha que comprar todo o material de trabalho. Comprei uma máquina de escrever portátil e levava para as audiências”.

Dra. Lêda lembra a sua rotina de trabalho ao longo desses dez anos: De segunda a quinta-feira trabalhava em Cascavel e, quinta-feira à noite, sexta-feira e, às vezes, no sábado, dava aulas no Justiniano de Serpa, onde foi professora durante 25 anos.

Em 1992, Dra. Lêda foi transferida para Fortaleza. “Na época, estavam criando os cartórios. Eu trabalhava em quatro cartórios que ficavam na Rua Barão do Rio Branco, no Centro”, conta. Dois anos depois, quando foram criadas as Varas, Dra. Lêda passou a atuar, pela manhã, na 15ª Vara de Família e a tarde na 3ª Vara de Família. “Como não conseguimos o aumento salarial, o governo concedeu um abono para quem trabalhava dois expedientes”, diz. Em seguida, Dra. Lêda passou a trabalhar na Curadoria de Ausentes, no Fórum Clóvis Bevilaqua.

Luta pela Defensoria

Dra. Lêda lembra os desafios enfrentados em prol da valorização da Defensoria Pública. “A luta foi grande, ferrenha. Lembro que a Jacirema, a Benedita e eu, junto com outros colegas, íamos sempre para a Assembleia Legislativa, visitando os gabinetes dos deputados em busca de apoio. Era uma briga grande. Éramos poucos, mas isso não importava. Tínhamos que pressionar os deputados. Lembro que houve momentos em que ficamos em pé o dia inteiro”, diz. E, aos risos, relembra um episódio, ocorrido na Assembleia: “A Jacirema recebeu o papel contendo a lei que estava melhorando um pouco a situação dos Defensores. Como não era do jeito que a gente esperava, ela ficou com tanta raiva, tão desgostosa, que, na mesma hora, amassou o papel e jogou no chão. A Benedita ficou desesperada e dizia: “Não podemos fazer isso. Tenha calma”.

“Acredito que, de alguma forma, contribuímos, com a nossa garra, para que a Defensoria Pública esteja bem melhor hoje. Claro que muito ainda precisa ser feito. Mas, demos passos importantes”, considera.

Dra. Lêda fez parte da diretoria da Adpec, tendo sido 2ª. Secretária na gestão da presidente Dra. Andrea Alves Coelho, como também foi membro do Conselho Superior da Defensoria Púbica na gestão do Dr. Luciano Hortência.

Em 2010, passou a atuar no Tribunal de Justiça, exercendo suas funções na 1ª Câmara Cível. “Em dezembro de 2011 me aposentei”, afirma.

Sobre ser Defensora Pública, Dra. Lêda Facó enfatiza: “Nunca quis outra profissão. Desde que iniciei como estagiária na CAJE já sabia o que queria ser. Passamos, claro, por momento difíceis, mas o fato de poder fazer algo por aquelas pessoas, cheias de problemas, com tantas necessidades, compensa tudo. Me realizei e faria tudo outra vez”, assegura.

Por Lucílio Lessa

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