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Minha História, Nossa Luta com a Dra. Marilene Chaves Barreto Rodrigues

MarileneCom uma enorme simpatia, a Dra. Marilene Chaves Barreto Rodrigues nos recebeu em sua casa para nos contar sua trajetória profissional e como ingressou na Defensoria Pública do Ceará.

Dra. Marilene nasceu na cidade de Maranguape, no Sítio Preguiça, localizado ao pé da serra daquela aprazível cidade da Região Metropolitana de Fortaleza. Fez todo o ensino fundamental no Ginásio Santa Rita da Congregação Religiosa Filhas de Nossa Senhora do Amparo, concluindo o curso ginasial em 1964. Em 1965, veio residir em Fortaleza para cursar o ensino médio na Escola Doméstica São Rafael, colégio também de freiras da Congregação Religiosa das Irmãs de Caridade.

Formando-se professora primária em 1968, prestando vestibular no final daquele ano, ingressou na faculdade de Direito no ano de 1969, quando estava no 2º ano da faculdade, em 1970, casou e foi residir no interior do Ceará, afastando-se assim dos anos considerados de chumbo. Vale salientar que antes de casar, a Dra. Marilene morava na residência universitária Júlia Pinto, tendo como colegas de residência Rosa da Fonseca, Linda Vasconcelos e sua colega da faculdade e hoje Defensora Pública aposentada, Dra. Maria da Graça Reis Pinto, razão pela qual sempre recebiam a indesejada e inesperada visita da Polícia Federal.

Em 1973, já mãe de duas filhas, voltou para Fortaleza e reiniciou seus estudos na Faculdade de Direito, concluindo o curso em junho de 1976, quando já tinha sua terceira filha com um ano de idade. Nesta época, já trabalhava como professora na Rede Estadual de Educação (SEDUC), lecionando as disciplinas de OSPB e Moral e Cívica.

Com todas as dificuldades de trabalhar fora e com três filhas ainda muito criança, em 1978, fez o concurso para Defensora Pública, tendo êxito na aprovação. Assumiu o exercício da função na Comarca de Maranguape, sua terra natal. Foi uma grande satisfação retornar para trabalhar em Maranguape, após ter saído de lá ainda bem jovem e reencontrar sua colega de ginásio Lúcia Aguiar, trabalhando no Fórum de Maranguape. Dra. Marilene tem muita gratidão a esta ex-colega, bem como a amiga Regina Célia, pois estas duas servidoras públicas da Justiça, por serem muito competentes, foram muito generosas, ensinando-lhe todos os trâmites dos processos judiciais.

A Dra. Marilene, faz questão de reverenciar a saudosa memória do Desembargador Wiltom Machado Carneiro, que à época era o Juiz Diretor do Fórum de Maranguape, e a recebeu muito bem. Dra. Marilene, no exercício de sua função como Defensora Pública na Comarca de Maranguape, sempre teve um excelente relacionamento com todos os magistrados, advogados e servidores da Justiça. Foi uma época muito feliz de sua vida profissional, na Comarca de Maranguape fez grandes amizades e conheceu pessoas inesquecíveis que guardará para sempre no coração.

Dra. Marilene permaneceu na Comarca de Maranguape até o ano de 1990, quando a seu pedido foi transferida para exercer a função na Comarca de Pacatuba, também localizada na Região Metropolitana de Fortaleza. Em Pacatuba, teve a grande satisfação de reencontrar uma colega da Faculdade de Direito, a Dra. Sônia Queiroz, exercendo o cargo de Promotora Pública. Permaneceu nesta Comarca ate o fim de 1994, em seguida, foi fazer parte como Membro da 3ª Comissão de Processo Administrativo Disciplinar, na Procuradoria Geral do Estado, permanecendo na PROPAD-PGE até 2005, ocasião em que retornou ao exercício da função, já como Defensora Pública de 2º Grau.

Como não desejava exercer a função de Defensora Pública de 2º Grau, no Tribunal de Justiça, requereu ao então Defensor Público Geral, Dr. Luciano Hortêncio, para ser lotada na sede da Defensoria Pública. Dra. Marilene demonstra gratidão ao Dr. Luciano Hortêncio, que acolheu seu pedido, compreendendo sua difícil situação familiar em virtude da grave doença de seu esposo. Dr. Luciano foi muito generoso com ela neste momento difícil de sua vida, e a lotou para exercer a função no Núcleo de Conciliação, localizado na sede da Defensoria. “Esta foi uma época difícil, mas sempre contei com a compreensão das colegas e a colaboração das funcionárias”, relembra, destacando a colaboração que lhe prestou a funcionária Cleda Rios.

Em outubro de 2007 e já viúva, requer sua aposentadoria em ambos os cargos que exerceu na administração estadual e se afasta definitivamente das funções de Defensora Pública e de Professora. Pela experiência que vivenciou durante os anos que exerceu a função de Defensora Pública, relata que, às vezes as, questões dos assistidos não são jurídicas, mas sim sociais. “É a falta de emprego, de educação e de estrutura familiar. Muitas vezes, as mulheres que me procuravam no atendimento, diziam assim: ‘por favor, doutora, deixe eu contar meu sofrimento’”.

Mesmo com todas as dificuldades exigidas para conciliar as três funções que exercia, primeiro como mãe e administradora do lar, depois como servidora pública nas funções do exercício de Professora e de Defensora Pública, Dra. Marilene considera-se uma pessoa abençoada, pois com a graça de Deus conseguiu administrar bem sua vida familiar e profissional, e com grande esforço conseguiu concluir o curso de Pedagogia, iniciado na Unifor em 1985, e finalizado somente em 2000, na Universidade Vale do Acaraú (UVA), sendo bacharela em licenciatura plena nas áreas de filosofia, sociologia e psicologia. Todo este empenho tinha duas finalidades: adquirir conhecimento, mas principalmente elevar um pouco mais seu salário de professora do Estado do Ceará.

Indagada se aconselhava aos jovens seguir a carreira de Defensor Público, respondeu que sim, pois é um relevante trabalho de cunho social e indispensável ao Estado Democrático de Direito. “A Justiça é para todos. Os jovens que ingressarem hoje na carreira de Defensor Público, encontrarão um órgão totalmente reestruturado, bem aparelhado, uma carreira organizada, reconhecida e respeitada pela sociedade, tudo graças ao atuante e incansável trabalho da Associação dos Defensores Públicos do Estado do Ceará, que luta e defende com garra os direitos de seus associados”, comenta. “A atual presidente da Adpec, Dra. Sandra Sá, é uma mulher dinâmica, que trabalha incansavelmente em prol da classe que representa. A vitória da Defensoria está breve, pois a luta continua”.

Também declarou que de todos as atividades laborais que exerceu, as mais gratificantes foram as de professora e de defensora, frisando que antes de exercer estas duas funções no Estado do Ceará, foi comerciária e bancária. Ainda muito jovem, trabalhou na Casa Parente e no Banco da Bahia, motivo de orgulho para ela e exemplo para as filhas. Entretanto, faz questão de declarar que foi na Defensoria Pública os melhores anos de sua vida profissional.