Minha História, Nossa Luta

Dra. Maria Eliana Barros David – Minha História, Nossa Luta

A trajetória da defensora pública aposentada Maria Eliana Barros David se funde a uma série de personagens que surgem em seu discurso. A saudosa mãe, o marido Luís, os filhos. Mas é a figura do pai, Barros dos Santos, um advogado e político cearense, que sugere a escolha de Eliana por seu caminho profissional e pessoal. “Certa vez, em dúvida sobre advogar ou ir para a Promotoria, meu pai me disse: ‘Defenda, sempre’”, diz ela. No entanto, a serenidade, altivez e presença de espírito com que ela relata suas histórias apontam que o principal combustível que Eliana utilizou para seguir em frente em sua tarefa de defender, foi o seu olhar para o carente.

Ainda criança, mesmo apinhada de dúvidas e perguntas, começou, aos 11 anos, a datilografar as petições de seu pai, a fim de ajudá-lo. Foi o suficiente para decidir que atuar no Direito seria seu caminho. E Foi. Após concluir o ensino médio, então científico, no Colégio da Imaculada Conceição, iniciou o curso na Universidade Federal do Ceará, época em que o noivo, Luís, se formou em Engenharia. Casaram-se quando Eliana estava no segundo semestre da faculdade. Ao terminar a faculdade, Eliana permitiu-se a um hiato de sete anos, época em que teve três de seus quatro filhos, e a partir daí decidiu iniciar sua vida profissional.

A princípio, trabalhou como comissionada em um cargo administrativo na Procuradoria Geral do Estado, mas a ideia de atuar na defesa do cidadão ainda era latente, principalmente por ter durante a faculdade estagiado na então Assistência Judiciária ao Necessitado. A bem da verdade, Eliana é boa em matéria de determinação. Tanto é assim, que ao surgir o concurso para advogado de ofício, hoje defensor público, participou e foi aprovada, sendo delegada para a cidade de Canindé. Antes mesmo de assumir a comarca, foi nomeada para a defesa do servidor público na Procuradoria do Estado. Tempos depois iniciou trabalho de atendimento ao cidadão na Defensoria Pública. Em seguida foi designada para a comarca de Maranguape, onde passou nove anos, quando então iniciou atividades no SOS Criança e em seguida na petição inicial da Defensoria. Foi também defensora da Comissão de Processo Administrativo e Disciplinar na Procuradoria e, ao ser promovida para o 2º Grau, foi convidada a atuar como defensora do Tribunal Pleno das Câmaras Cíveis reunidas e 3ª Câmara Cível.

Mesmo imersa em suas atividades, ao chegar a idade de se aposentar, Eliana ponderou. Em seu setor, via jovens defensores iniciando e na expectativa de ascender, bem como outros jovens na expectativa de ser chamados a assumir. Em um gesto altruísta, decidiu que seria a hora de encerrar sua atuação como defensora pública. “Pensei assim: se eu me aposentar, um que está na fila será nomeado e outro subirá”, diz. E assim o fez. Certa vez, abordada por uma jovem colega que a parabenizou e chegou a agradecê-la pelo gesto, disse para si mesma que havia tomado a decisão certa. Hoje, em meio às obras da casa nova que irá morar com Luís, e vendo os filhos tocando suas próprias vidas, Eliana é o que se pode dizer: uma pessoa realizada. Simplesmente porque utiliza tudo o que viveu, para seguir em frente.

Por Lucílio Lessa

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