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“Não vamos morar no cadastro”, diz ocupante da Área Verde no Passaré (O Estado)

O clima foi de agitação e, durante as duas horas de conversa acompanhada pelo O Estado, não teve nenhum acordo prévio entre as partes

“Não vamos morar no cadastro”, disse Ereny França, líder dos ocupantes da Área Verde no Passaré, na segunda conversa com o defensor público Thiago Tozzi do Núcleo de Ações Coletivas da Defensoria Pública do Estado. O encontro aconteceu na manhã de ontem na área de ocupação que, segundo Thiago, já seria “uma segunda tentativa de acordo com as famílias para saída espontânea do local.”
O clima foi de agitação e, durante as duas horas de conversa acompanhada pelo O Estado, não teve nenhum acordo prévio entre as partes.
Ocupantes e Defensoria Pública mantiveram um diálogo, mas sempre demonstrando total desacordo entre as partes. Inicialmente, o defensor público Thiago voltou a apresentar “a saída espontânea”, seguida do cadastramento por unidades móveis em programas de moradia da Fundação de Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza (Habitafor). Do outro lado, os ocupantes não aceitaram o acordo alegando não ter para onde ir e nomeando a proposta como “falsas promessas da Prefeita (Luzianne Lins)”.
Segundo Ereny, os ocupantes tentaram conversar “pessoalmente com a Prefeita”, mas não tiveram sucesso e completa, “a gente não pode entrar em acordo com quem não vem aqui conversar com a gente”. A invasora aproveita e relembra o período de eleição para prefeito de Fortaleza, onde alfineta Luizianne Lins: “em época de eleição todo mundo tem como vir conversar com a gente”.
De acordo com Thiago Tozzi, as famílias deveriam ter sido retiradas do local através da força pública dos órgãos municipais e estaduais como a Guarda Municipal, a Polícia Militar, a Defesa Civil, entre outros responsáveis pela área correspondente à preservação, já na última sexta-feira, 23, mas “devido a uma intervenção da Defensoria Pública, o prazo foi alongado até ontem”, disse o defensor.
Na semana passada os órgãos municipais e estaduais tiveram uma reunião, onde foi decidido a invasão através da força pública.
Segundo Thiago, “a operação já está montada, esperando apenas uma ligação minha)”.
Presente pela primeira vez na negociação estava o presidente da Comissão de Direitos Humanos João Ricardo, que declarou solidariedade aos invasores. Em sua fala, Ricardo não se mostrou de acordo com o “diálogo” utilizado pela Prefeitura de Fortaleza para conversar com os ocupantes e disse, “nós esperamos de um governo que se diz democrático, uma outra maneira de dialogar”.
O presidente, que se autodenominou um “homem crítico”, mesmo analisando a situação como legal, visto que o local é uma área de preservação ambiental, que as famílias não podem ocupá-lo, cobrou da Defensoria Pública “uma fiscalização no trabalho da Prefeitura” e que, “caso a Prefeitura não cumpra com doação das casas depois dos ocupantes estarem inscritos no Habitafor, a Defensoria deve entrar com uma ação contra a Prefeitura”. Daí completou João Ricardo, “tudo fica a critério da justiça”.
» Decisão. Até o momento que o jornal O Estado esteve no local da conversa, o acordo proposto por Ricardo estava sendo colocado em discussão entre os ocupantes e o defensor público Thiago Tozzi. Além disso, um ocupante sugeriu que eles se reunissem entre si, dando uma resposta hoje pela manhã à Defensoria Pública e a Prefeitura.