Para o defensor público José Valente Neto, que trabalha na 5ª Vara da Infância e Juventude, mais especificamente no Projeto Justiça Já (presta atendimento inicial aos adolescentes acusados de ato infracional), suplantar as desigualdades sociais é o maior desafio da carreira. “Sempre há casos de adolescentes nitidamente inocentes que são apreendidos pela polícia muitas vezes porque são pobres e residem em subúrbios de Fortaleza”, comenta.
Adpec – Há quanto tempo o senhor atua na Defensoria Pública?
José Valente Neto – Desde o dia 25 de novembro de 2008. Assumi na Comarca de Itaitinga.
Adpec – Como é o seu dia a dia de trabalho na 5ª Vara da Infância e Juventude?
José Valente Neto – Trabalho atualmente na 5ª Vara da Infância e Juventude, mais especificamente no Projeto Justiça Já, que presta atendimento inicial aos adolescentes acusados de ato infracional. Chego ao trabalho por volta de 12h, de bicicleta. Não há horário para o término do expediente, pois depende da demanda.
Adpec – Quais as principais demandas do público alvo (casos mais frequentes no atendimento)?
José Valente Neto – Como o trabalho consiste na realização das audiências com adolescentes em conflito com a lei, a preocupação principal é com a restrição da liberdade, as internações provisórias.
Adpec – Quantos atendimentos (jurídicos ou mediações) são realizados, em média, no seu núcleo, por dia?
José Valente Neto – Uma média de 15 a 20 audiências.
Adpec – Alguma situação específica de um/a assistido/a lhe tocou ou chamou atenção?
José Valente Neto – Sempre há casos de adolescentes nitidamente inocentes que são apreendidos pela polícia muitas vezes porque são pobres e residem em subúrbios de Fortaleza.
Adpec – Quais os maiores desafios na carreira de Defensor Público, sobretudo no seu núcleo de atuação?
José Valente Neto – Suplantar as desigualdades sociais. Como disse Óscar Arnulfo Romero Galdámez, “a justiça é como as serpentes: só morde os descalços.”
Adpec – E as maiores conquistas/realizações para o senhor?
José Valente Neto – Quando conseguimos evitar as injustiças e promover um processo judicial justo.
Adpec – Como avalia o recente reconhecimento da autonomia plena da Instituição no Ceará? Haverá impactos na carreira e no atendimento ao público?
José Valente Neto – Com certeza. Um momento de muito regozijo e de grande esperança.