O princípio de rebelião na Cadeia Pública de Maracanaú, na última quarta-feira, motivou a visita ao local de dois defensores públicos, na manhã de ontem. Os profi ssionais realizaram um mutirão para informar aos presos mais antigos sobre a situação judicial de cada um.
"E acalmar os ânimos", emenda o defensor público, Josiel Rocha. A unidade abriga 85 presos, mas tem capacidade apenas para 60. Cerca de 70% deles dependem da Defensoria Pública. De acordo com o diretor da Cadeia Pública de Maracanaú, Humberto Vargas Dornelles, há muitos presos para uma defensoria "tímida". "A reclamação é com relação ao tempo de aprisionamento, que excede demais ao que deveriam passar aqui dentro. O acesso à Justiça ainda é complicado", afi rma. De acordo com Josiel Rocha, há quatro defensores públicos que realizam visitas periódicas em delegacias e unidades prisionais de Maracanaú. Mas, geralmente, são atendidos dois ou três presos a cada visita. "Hoje é um mutirão. Vamos atender 20 presos. Eles querem saber sobre o processo e querem que o juiz analise o pedido deles. Mas a maior difi culdade é a falta de documentação. Alguns juízes exigem várias certidões e a Defensoria Pública tem difi culdade de conseguir todas", explica, acrescentando que os familiares dos presos também passam difi culdade fi nanceira para providenciar documentos em cartórios de outros municípios. A prioridade foi de presos que estão na Cadeia Municipal de Maracanaú há mais tempo. "Os mais antigos são os mais queixosos. A gente quer mostrar que os pedidos deles estão sendo atendidos", afi rmou. "Às vezes, o preso entende que tem advogado. Mas o advogado acabou abandonando o caso, porque não foi pago". Para o defensor público Fábio Ivo Gomes, é uma tentativa de levar dignidade aos presos. "A difi culdade é que estamos diante de um sistema e só a Defensoria Pública não resolve o problema deles. É preciso haver políticas públicas, envolvimento do Poder Judiciário, do Ministério Público", argumenta. Reféns Na última quarta-feira, os presos aproveitaram o dia de visita e mantiveram 28 familiares como reféns para reclamar das vistorias que consideravam excessivas. Cobraram ainda a agilidade dos processos. "As inspeções são feitas com freqüência, principalmente quando há denúncias de armas, celulares", disse o diretor da Cadeia Pública de Maracanaú, Humberto Vargas Dornelles
Veículo: Jornal O Povo
Caderno: Fortaleza
Data: 8/11/08