A tecnologia e a era digital revolucionaram a sociedade com diversas inovações que facilitam o cotidiano das pessoas e permitem novas possibilidades de conexão. Entretanto, junto com os benefícios existem também os perigos que a era digital oferece, principalmente quando se tratam de crianças inseridas nesse meio.
A defensora pública do Núcleo da Infância, Noêmia Landim, explica que as crianças devem ter a sua privacidade garantida pelos responsáveis ao utilizarem os recursos tecnológicos: “A proteção da privacidade e segurança das crianças é de extrema importância devido à vulnerabilidade típica dessa fase da vida. O uso irresponsável das redes sociais pode acarretar sérios problemas de saúde mental para crianças e adolescentes, que podem se deparar com situações de bullying e até mesmo ser alvos de cibercriminosos que utilizam seus dados e fotos de forma ilícita.”
De acordo com a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, houve um crescimento de 80,1% nos registros de denúncias de crimes sexuais contra crianças e adolescentes no Brasil em ambiente virtual entre os anos de 2021 e 2022. Nos primeiros seis meses de 2022, 1,1 mil das denúncias registradas pelo órgão estavam ligadas a crimes de violência sexual que afetam a liberdade física ou psíquica da população infantojuvenil.
A SaferNet Brasil, entidade não-governamental que trabalha pela proteção da população no ambiente digital, registrou um aumento de 70% nas denúncias sobre abuso e exploração sexual infantil na internet no Brasil nos primeiros meses de 2023.
Apesar dos riscos que a exposição insegura e exagerada às redes sociais proporcionam às crianças, a defensora pública Noêmia Landim destaca que a era digital pode ser aproveitada como colaboradora do aprendizado: “Atualmente, as crianças são expostas a uma enorme quantidade de estímulos, principalmente através do uso crescente de plataformas digitais. Diante dessa realidade, é crucial educá-las sobre como utilizar esses meios de forma saudável, visando complementar seus estudos e ampliar seus conhecimentos.”
“Uma das alternativas promissoras para alcançar esse objetivo é a utilização de recursos como áudio livros, aulas gravadas em vídeos e podcasts, bem como jogos pedagógicos. É importante compreender que o problema reside não na mera utilização das plataformas e redes digitais, mas sim na forma como as crianças e adolescentes fazem uso delas”, conclui a defensora ao exemplificar ferramentas que pais e responsáveis podem introduzir às crianças para aproveitar a internet como ferramenta educacional.
