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Direitos humanos da mulher ganham manual (Jornal O Estado)

Tendas espalhadas pela Praça José de Alencar, um palco, som e muita animação marcaram o lançamento do manual que trata dos direitos humanos das mulheres. A iniciativa é da Defensoria Pública do Estado, através do Núcleo de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, e também em parceria com o Mistério da Justiça (Pronasci). A defensora pública do Núcleo, Ana Cristina Barreto, explicou que a cartilha contém dicas principalmente sobre a violência doméstica. “Nós mostramos neste material que as mulheres têm direitos e tem que ser respeitadas. No manual, há um modelo do documento para requerer proteção, em que ela mesma pode fazer, assinar e depois registrar o BO”, comentou.
Ana Cristina destacou que apenas este ano aconteceram 118 “femicídios”, ou seja, mulheres que foram mortas por seus parceiros. Enquanto em 2008, o índice foi de 93 assassinatos. “O aumento foi de 20%. Nós vamos lutar para erradicar isso do nosso Estado”, frisou. Ela acredita que as pessoas têm consciência do papel da Defensoria.
A enfermeira obstetra, Karla de Abreu, ressaltou que violência é um problema de saúde pública. “As mulheres que foram agredidas podem desenvolver na área da saúde depressão, ansiedade e hipertensão”, disse. Karla de Abreu informou que existem vários tipos de violência contra o sexo feminino, algumas delas são: a psicológica, sexual, patrimonial e verbal. “Com essa variedade, aparecem diferentes sintomas. Por exemplo, geralmente enxaqueca é sintoma de pressão alta, mas caso a mulher não apresente alteração na pressão, o profissional de saúde tem que ficar atento, pois pode ser que ela esteja sendo agredida psicologicamente”, destacou.
O movimento na praça chamou atenção tanto de homens como de mulheres, que ficavam observando os integrantes do projeto do Corpo de Bombeiros, com pessoas da terceira idade, dançando e se exercitando, além de aproveitarem a ocasião para medição de pressão arterial, cortar os cabelos, conversar com os defensores públicos, esclarecer as dúvidas com o Centro Estadual de Referência e Apoio à Mulher (Ceram), aprender um pouco mais na Unidade Móvel do SINE/IDT, fazer o teste de HIV, exames de glicemia e colesterol, receber camisinhas, retirar a 1a ou a 2a via do RG e CPF; os jovens podiam cadastrar-se no projeto Primeiros Passos e a mulheres realizarem o câncer de mama.
Maria Cleia observava tudo atentamente e se divertia ao ver a disposição do grupo da terceira idade se mexendo a tarde inteira. Ela comentou que o combate contra a violência é um ato necessário. “Precisa muito de trabalhos como esse, pois às vezes a mulher é uma boa esposa e não recebe carinho, nem atenção. Sendo ainda explorada, violentada. Isso já está um absurdo, quase sempre vemos casos como esse na cidade, não dá para ficar assim”, disse. O aposentado Roberto Araujo concordou com Cleia e acrescentou: “a Lei Maria da Penha e todos esses movimentos voltados em prol da saúde feminina trouxeram mais liberdade para elas”.
A dona de casa V.B., comentou que a violência contra a mulher é a coisa mais errada do mundo. “Esse movimento nos ajuda a criar coragem para denunciar, pois muitas de nós não conseguimos entregar aqueles que nos tratam tão mal”, disse. Ela declarou que diariamente sofre com abusos do marido. “Eu escuto cada coisa. Mas, não tenho coragem para fazer nada porque tenho dois filhos, a mais velha é casada. Porém, o mais novo é muito apegado ao pai e tenho medo de fazê-lo sofrer”, desabafou emocionada.
Fonte: Jornal O Estado, 26/11/2009