Em menos de 45 dias, seis presos foram assassinados dentro do Instituto Penal Paulo Sarasate, em Aquiraz (Região Metropolitana de Fortaleza), aumentando para 14 o total de mortes desde o início do ano.
O último caso ocorreu ontem, dia de visitas dos detentos. De acordo com o diretor do IPPS, coronel Antônio de Oliveira, o preso Antônio Márcio Alves dos Santos, 27, foi encontrado morto dentro da cela, localizada na rua C, pavilhão sete do presídio.
"Tomamos conhecimento da possível morte por volta das 10 horas, mas só começamos a procurar após as 15 horas, já que era dia de visita", explica Oliveira. O corpo de Antônio Márcio, segundo o coronel, apresentava sinais de que tivesse sido estrangulado, além de várias marcas de barras de ferro. "Nós o encontramos na própria cama, na cela 57. Mas antes eles esconderam o corpo em uma vala e, depois do período de visitas, colocaram na cela", diz Oliveira. Também foram encontrados nove aparelhos celulares em poder dos presos. Apesar do curto período entre os assassinatos, Oliveira diz que, até o início da noite de ontem, o clima dentro do presídio era considerado tranqüilo. "Não houve nenhum tumulto, a tranca já está feita e eles estão nas celas", completa Oliveira. De acordo com o coronel, Antônio Márcio havia sido condenado a 18 anos e seis meses de prisão por assalto a mão armada e homicídio, e estaria há mais de cinco no IPPS. A direção do presídio inicia hoje uma investigação interna para apurar os autores do assassinato. As últimas três mortes foram registradas no dia 30 de setembro. Depois de uma briga no pavilhão sete de madrugada, foram assassinados Tiago da Silva de Oliveira, o Tiago Oião; Rogério Pereira de Sousa, o Aratu; e Vanderli Pereira da Silva, o Fofão. Na época, a direção do Paulo Sarasate atribuiu as mortes à venda de drogas e disputa por poder dentro do presídio. A unidade possui capacidade para 960 presos mas, atualmente, existem 1.300 detentos. No último dia 16 de outubro, o juiz titular da comarca de Aquiraz, Roberto Diniz Teixeira, determinou a interdição parcial do IPPS. Ele acatou parcialmente um pedido da Defensoria Pública, que entrou com uma ação na Justiça impedindo o ingresso de novos presos devido às condições de superlotação e segurança no presídio. Com a decisão, a Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus) fi ca impedida de encaminhar ao IPPS presos que ainda não foram condenados defi nitivamente. Os provisórios que já se encontravam no presídio antes da decisão devem ser transferidos para outras unidades nos próximos dias. Mutirão A decisão também determina que a Sejus, o Ministério Público e a Defensoria realizem em 60 dias, a contar do recebimento da decisão, um mutirão para identifi car detentos que já poderiam ter progressão do regime, ou seja, cumprindo pena em regime semi-aberto ou aberto. A reforma do pavilhão oito, que já dura cinco meses, deverá ser concluída no mesmo prazo.
Veículo: Jornal O Povo
Caderno: Fortaleza