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Golpe Militar completa 58 anos e traz à memória a contínua luta pela liberdade de expressão

Golpe Militar completa 58 anos e traz à memória a contínua luta pela liberdade de expressão

O golpe deixou marcas e esse fato histórico não deve ser esquecido para que não hajam reprises, diz Andréa Coelho, presidenta da ADPEC

Em 31 de março de 1964, o Brasil viveu o início de um dos períodos mais dolorosos de sua história – Ditadura Militar. Um golpe que eliminou a democracia e deu lugar a 21 anos de tortura e morte a quem se opôs ao regime autoritário. Militares invadiram o Congresso, violaram direitos humanos e amordaçaram a imprensa e todo tipo de manifestação artística.

Principalmente, dominaram o povo brasileiro, retirando direitos e sua garantia de liberdade de expressão. Para o defensor público Vagner de Farias, a ditadura militar representa a abolição da liberdade humana. “Após anos de escravidão e conquista da república, o país volta a ser enclausurado por uma abordagem autoritária política”, enfatiza o defensor.

O golpe foi sustentado por Atos Institucionais durante seu período de vigência. Dentre eles, a anulação da participação da população nas eleições. O AI-5, por exemplo, foi marcado por intensa repressão civil e violência. A liberdade de pensamento foi duramente reprimida, universidades passaram a ser monitoradas por militares infiltrados que observavam tudo o que era dito e realizado no local.

Direitos Humanos
Além da violação dos direitos humanos, as principais consequências do golpe foram o aumento da desigualdade social, alta inflação, além do número de mais de 400 civis mortos e 8 mil indígenas na região amazônica. “Tais práticas corromperam o que está escrito na Carta dos direitos humanos, criada em 1948, que é a garantia do direito à vida”, diz Vagner.

De acordo com a Comissão Nacional da Verdade (CNV), criada em 2011, durante o Regime, documentos foram escritos denunciando as atrocidades ocorridas nos cárceres e fora deles. Avaliadas pela CNV, as denúncias foram investigadas e logo foram apontadas as violações de direitos praticadas pelo Estado entre 1946 e 1988, como resposta aos familiares que tiveram entes desaparecidos e outros mortos.

Não ao poder autoritário
Com atividades encerradas em 2014, em relatório, a CNV apresentou cerca de 377 responsáveis pelos crimes e trouxe à memória dos brasileiros a importância de não esquecer dos anos dominados por militares autoritários. Agora, com a democracia, é necessário o repúdio a qualquer aceno de poder arbitrário.

Para Andréa Coelho, as Diretas Já revelaram o quão significativa é a união dos cidadãos em prol do bem-estar comum. A liberdade é direito. O Brasil viveu a ditadura, passou por ela. Contudo, a continuidade à proteção dessa liberdade ainda deve ser perseguida por todos os cidadãos brasileiros. O golpe deixou marcas e esse fato histórico não deve ser esquecido para que não haja reprises.

“A democracia pode não ser tão perfeita. No entanto, é necessário encerrar a visão do outro como inimigo. O combate deve ser mantido à medida que visualizamos a falta de empatia com qualquer direito do cidadão”, reitera Vagner Farias.

Foto: Memorial da Democracia