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Artigo de Aline Miranda com a temática “Machismo estrutural” foi veiculado no jornal Diário do Nordeste

O machismo estrutural está ligado ao aspecto cultural nos usos e costumes da sociedade que fortalece o patriarcado, na ideia de superioridade do homem. É mais difícil de ser enfrentado, mas está na raiz do problema. Há três anos, quando meu pai faleceu, me perguntaram: “agora você vai cuidar de sua mãe, vai morar com ela ou levá-la para morar com você e seus filhos?” No entanto, ninguém perguntou isso aos meus irmãos homens – a ideia de que a vida da mulher sem um homem é menos valiosa do que a de um homem, casado ou não, é estrutural e quase imperceptível.

Quando mais jovem, ia à casa de amigos com meus pais. Lá, os homens conversavam e riam alto na sala, enquanto as mulheres ficavam na cozinha, preparando comidas para servi-los. Depois, eram elas que cuidavam de arrumar tudo. Isso é cultural, é estrutural. Outro fato: em uma época, eu trabalhava como advogada em uma grande indústria aqui de Fortaleza, juntamente com dois advogados homens. Fazíamos o mesmo trabalho, mas eu ganhava menos.

E haviam aqueles comentários tão comuns, como: “essa menina vale por dois” (porque não duas?) ou “essa menina trabalha como um homem” (porque não como uma mulher?) Quando uma mulher pede a um homem que troque o pneu do carro, por exemplo, ainda há piadinhas: “ah, nessa hora vocês não querem direitos iguais, né?”, relevando assim o interesse de se estabelecer em superioridade.

São frases permeadas de uma cultura que valoriza mais o homem do que a mulher, repetida até por mulheres, no dia a dia, e sem se perceber. Isso é muito mais difícil de desconstruir, exige um exercício diário. É a partir de uma compreensão desse processo, que podemos nos vigiar, ficar atenta para não reproduzir isso na educação dos nossos filhos.

A mudança que esperamos parte de um trabalho que exige tomada de consciência, reflexão, ação, diálogo desde casa aos espaços públicos e sobretudo empoderamento das meninas e mulheres com a educação dos meninos para respeitar as liberdades da mulher e a igualdade de gênero. Nesse contexto, reforço que defensores(as) públicos têm por escopo promover a educação em direitos humanos e está lado a lado da população, além do papel preponderante no processo de levar conscientização e enfrentamento do machismo estrutural.

Para a violência sofrida pela mulher, fruto do machismo, temos a lei que a Defensoria Pública também lança mão na defesa das mulheres, e para tratar do machismo estrutural, ela se vale do processo de educação da população a partir do diálogo. Portanto, todos nós fazemos parte do processo de desconstrução do machismo. É preciso estar atento e buscar estratégias para seguirmos cada vez mais longe do machismo estrutural.

 

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