Há pouco tempo, vi manchetes de grandes jornais estamparem uma novidade trazida pelo IBGE: o nosso país passou a ter mais de 10% de sua população formada por pessoas idosas com 65 anos ou mais. Uma tendência global, diga-se de passagem. Essa realidade não é nova, nosso povo está envelhecendo, segundo determina o ritmo natural da vida. No entanto, apesar desse cenário, a sociedade ainda possui em seu imaginário um estereótipo que reforça a ideia de que somos objetos a serem protegidos, nos colocando na caixinha do infantil, onde não possuímos quereres próprios. Essa cultura não é nova, é algo criado e alimentado por muito tempo. De onde se tirou que pessoas idosas são sujeitos sem vontades próprias, desejos e anseios?
Hoje, dia 27 de fevereiro, é comemorado o Dia Nacional do Idoso e creio ser relevante reforçar nossos papéis de agentes da mudança dessa mentalidade sobre nós. Se faz necessário que a visão sobre o envelhecimento seja ressignificada para além do respeito aos mais velhos. É preciso, na realidade, tomar o local de protagonistas de nossas vidas e garantir que nossos direitos não sejam interditados. Nossos familiares, amigos e a sociedade em geral precisam priorizar uma só ação: nos ouvir. Não substituir somente nossos desejos sem antes questionar o que realmente sentimos vontade. E, assim depois, compreender que a partir de nossas escolhas vivemos nossas próprias vidas. Sem preconceitos de terceiros, sem discriminações, sem etarismos.
Isto é, viver uma vida com acesso aos direitos básicos que todos os seres humanos devem ter. Quando falamos desse tópico, devemos nos atentar, em especial, para aqueles idosos hipossuficientes, assistidos pelo trabalho árduo da Defensoria Pública em nosso país para garantir o seu acesso à saúde, à igualdade, à liberdade, à propriedade e segurança. Ou seja, à vida em sua plenitude. O trabalho dos defensores e das defensoras públicas em todas as suas áreas de atuação para assegurar direitos às pessoas idosas tem sido uma de nossas bandeiras em diversas gestões da ADPEC, pois compreendemos que assim podemos contribuir para um país com melhores condições para esse público. Para além de dar voz a essas pessoas, precisamos dar ouvidos e apoio
Paula Brasil
Diretora dos Aposentados e Pensionistas
paulacarvalhobrasil@gmail.com
