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Defensores em Ação em defesa da mulher vítima de violência

Na semana da mulher, nosso destaque é para Defensoras e Defensores Públicos que tem como missão, esclarecer a sociedade sobre o ciclo da violência doméstica, a conscientização do agressor e o acolhimento e acompanhamento das vítimas. Jeritza Braga, Noêmia Landim e Kelly Nantua integram o Núcleo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher (NUDEM), da Defensoria Pública do Ceará.  Todos os dias, chegam até elas, casos dos vários tipos de violência contra a mulher. O atendimento no Núcleo “é humanizado e específico (…) para que essa mulher reconheça o ciclo de violência em que está inserida”, diz a supervisora do Núcleo, Jeritza Braga.

Defensoras Públicas Jeritza Braga, Noêmia Landim e Kelly Nantua/ (FOTO: IMPRENSA ADPEC)

Em 2020 foram quase 9 mil atendimentos mas “sabemos que há subnotificação. As denúncias através do telefone 180 aumentaram em mais de 90%”, diz a Defensora Pública Noêmia Landim. Mas os processos não acompanharam esse índice. E a proximidade prolongada com o agressor, durante a pandemia de coronavírus, pode ser o motivo principal. Kelly Nantua, que também atua no Núcleo em Fortaleza, fala dos tipos de violência que a lei Maria da Penha prevê.

A Lei Maria da Penha vai completar 15 anos em 2021. São 46 artigos que vem mudando a realidade de mulheres em todo o país. É esssa legislação que define cinco tipos principais de violência, como pontua a Defensora.

Tipos de violência, de acordo com a lei Maria da Penha:

-Física :

  • ESPANCAMENTO
  • ATIRAR OBJETOS, SACUDIR E APERTAR OS BRAÇOS
  • ESTRANGULAMENTO OU SUFOCAMENTO
  • LESÕES COM OBJETOS CORTANTES OU PERFURANTES
  • FERIMENTOS CAUSADOS POR QUEIMADURAS OU ARMAS DE FOGO
  • TORTURA

-Psicológica:

  • AMEAÇAS
  • CONSTRANGIMENTO
  • HUMILHAÇÃO
  • MANIPULAÇÃO
  • ISOLAMENTO (PROIBIR DE ESTUDAR E VIAJAR OU DE FALAR COM AMIGOS E PARENTES)
  • VIGILÂNCIA CONSTANTE
  • PERSEGUIÇÃO CONTUMAZ
  • INSULTOS
  • CHANTAGEM
  • EXPLORAÇÃO
  • LIMITAÇÃO DO DIREITO DE IR E VIR
  • RIDICULARIZAÇÃO
  • TIRAR A LIBERDADE DE CRENÇA
  • DISTORCER E OMITIR FATOS PARA DEIXAR A MULHER EM DÚVIDA SOBRE A SUA MEMÓRIA E SANIDADE (GASLIGHTING)

-Patrimonial:

  • CONTROLAR O DINHEIRO
  • DEIXAR DE PAGAR PENSÃO ALIMENTÍCIA
  • DESTRUIÇÃO DE DOCUMENTOS PESSOAIS
  • FURTO, EXTORSÃO OU DANO
  • ESTELIONATO
  • PRIVAR DE BENS, VALORES OU RECURSOS ECONÔMICOS
  • CAUSAR DANOS PROPOSITAIS A OBJETOS DA MULHER OU DOS QUAIS ELA GOSTE

-Sexual:

  • ESTUPRO
  • OBRIGAR A MULHER A FAZER ATOS SEXUAIS QUE CAUSAM DESCONFORTO OU REPULSA
  • IMPEDIR O USO DE MÉTODOS CONTRACEPTIVOS OU FORÇAR A MULHER A ABORTAR
  • FORÇAR MATRIMÔNIO, GRAVIDEZ OU PROSTITUIÇÃO POR MEIO DE COAÇÃO, CHANTAGEM, SUBORNO OU MANIPULAÇÃO
  • LIMITAR OU ANULAR O EXERCÍCIO DOS DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS DA MULHER

-Moral:

  • ACUSAR A MULHER DE TRAIÇÃO
  • EMITIR JUÍZOS MORAIS SOBRE A CONDUTA
  • FAZER CRÍTICAS MENTIROSAS
  • EXPOR A VIDA ÍNTIMA
  • REBAIXAR A MULHER POR MEIO DE XINGAMENTOS QUE INCIDEM SOBRE A SUA ÍNDOLE
  • DESVALORIZAR A VÍTIMA PELO SEU MODO DE SE VESTIR

ACESSE A LEI MARIA DA PENHA AQUI

O Núcleo funciona na Casa da Mulher Brasileira. O local é coordenado pela Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS) e tem uma rede de apoio com a Delegacia de Defesa da Mulher de Fortaleza; o Juizado da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher; o Ministério Público; a Prefeitura de Fortaleza, com o Centro de Referência e Atendimento à Mulher Francisca Clotilde e o Centro Estadual de Referência e Apoio.

         FOTO: IMPRENSA ADPEC

NO CARIRI
O outro Núcleo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher funciona no município do Crato, região do Cariri. O supervisor do Núcleo é o Defensor Público Rafael Vilar. Segundo ele, em 2020 foram 921 atendimentos e 183 ações protocoladas. Casos de divórcio, pensão alimentícia e medidas protetivas. A educação em direitos é um dos pontos importantes no combate à violência contra a mulher. Discutir o machismo é uma necessidade. Uma das ações na região do Cariri, onde o Defensor Público atua, é o grupo de reflexão com os agressores, que violam a lei Maria da Penha. O projeto é da prefeitura de Juazeiro do Norte e tem a parceria do NUDEM.

   Defensor Público Rafael Vilar (FOTO: ARQUIVO PESSOAL)

As reuniões, que tiveram de ser suspensas na forma presencial por causa da pandemia de COVID-19, fazem parte do Projeto “Das Marias”, programa para a reeducação de homens agressores por meio de acompanhamento psicossocial. Um dos participantes é o NUDEM, que entra com abordagens para conscientização e discussão de temas como machismo, racismo e ideologias de dominação. “Nós entramos no projeto ajudando na capacitação, para lidar com esses homens. Somos parceiros nessa iniciativa,” completa o Defensor Público.
Os agressores chegam ao projeto através de ordem judicial, como parte da medida protetiva. Os temas abordados incluem gênero, autoestima, disciplina, violência doméstica contra a mulher, patriarcado, direitos das mulheres, constituição das relações familiares..

                                     FOTO: Site Defensoria.ce.def.br
SAIBA MAIS 
O governo do Ceará autorizou a implementação do Programa Lei Maria da Penha na Escola, para toda a rede estadual a partir de 2021. O governador Camilo Santana sancionou o projeto de autoria do deputado Elmano Freitas (PT) e coautoria da deputada Augusta Brito (PCdoB).

Elmano Freitas justifica a relevância do projeto destacando que foi uma iniciativa voltada para os alunos e educadores de escolas públicas e particulares da cidade de Belém. O objetivo era mostrar a importância da Lei Maria da Penha, além de ajudar a conscientizar os estudantes sobre a necessidade de combater a violência contra a mulher, tudo com vistas à prevenção da violência doméstica.

Ainda de acordo com o parlamentar, o projeto nasce em um contexto atual, onde se observa a necessidade de ações voltadas a este público. “A educação é um fator fundamental para a prevenção e erradicação da violência, por isso, acreditamos que a escola tem papel fundamental na desconstrução da violência contra a mulher”, avalia o deputado.

Ainda segundo Elmano Freitas, “ao levar o conteúdo da Lei Maria da Penha para as escolas objetiva-se trabalhar a formação de uma nova consciência, com as jovens e os jovens, tornando-os cidadãos com novos comportamentos e verdadeiros agentes transformadores da realidade”.

VEJA O QUE DIZ A LEI APROVADA NO CEARÁ

A iniciativa de ter a disciplina nas escolas públicas já foi aprovada em vários municípios do país, a exemplo de Balneário Camboriú(SC), Cuiabá(MT), Campo Grande(MS) e Aracaju(SE).

 

VENCENDO O CICLO DA VIOLÊNCIA

A história de Ana ( nome fictício) parece com a de muitas mulheres. Casou quando ainda fazia faculdade. Teve três filhas. O marido, até o início do casamento, dava sinais de agressividade mas não agia. Depois de meses, com um bebê no colo, Ana viu quem era aquele homem. “Ele me trancava com as crianças e ia trabalhar com a chave no bolso. Eu recebia comida por uma fresta no alto da porta. Se ele chegasse em casa e as cortinas e janelas estivessem abertas, eu apanhava por estar me exibindo para os vizinhos”, conta ela, que só conseguiu ser resgatada depois de queimar o braço com água fervendo e os vizinhos arrombarem a porta. Depois de ter o braço quebrado e de várias ameaças,  Ana começou a planejar a saída de casa e o divórcio. Já estava se graduando na universidade, onde ele muitas vezes ia para vigiá-la. “Um dia ele estava fazendo a barba e eu disse que queria o divórcio e que tinha dado entrada na papelada. Só lembro dessa frase. Acordei no hospital. Ele pensava que tinha me matado e fugiu.” Ela conta, emocionada. Para lidar com todo o processo de divórcio, medidas protetivas, pensão para as filhas, Ana começou a estudar Direito. E nada disso teria um final feliz se não fosse o acompanhamento do Núcleo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher (NUDEM) da Defensoria Pública. “Pra mim a dra. Jeritza foi um anjo enviado por Deus. Fiz todo o processo com o acompanhamento dela e do NUDEM. Tive apoio não só jurídico, mas emocional”. Hoje Ana está na terceira graduação e virou uma multiplicadora: trabalha com mulheres vítimas de violência e está criando um instituto que vai cuidar dessas mulheres. O que ela tem a dizer sobre o trabalho das Defensoras? Bem, ela achou melhor escrever :

Foto: Arquivo pessoal.

 

Serviço:
Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica da Defensoria (Nudem)

Atendimento Geral:

(85) 3108.2986 – 8h às 17h

Atendimento Psicossocial:

(85) 9 8560 – 2709 – 8h às 14h

(85) 9 9294 – 2844 – 11h às 17h
Endereço: Rua Tabuleiro do Norte, s/n. Couto Fernandes.

TELEFONES CARIRI
Defensoria Pública do Estado do Ceará

Juazeiro do Norte- 88-99656-8746

Crato- 88-99975-9586

Barbalha- 88 98807-7451