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Falta lamentável

Os defensores públicos do Ceará, em assembleia, resolveram programar uma série de paralisações de suas atividades, que poderão resultar em greve geral a partir do dia 15 de junho. Num Estado onde a onda de greves e ameaças de greves é constante e diuturna, uma a mais não deveria causar nenhuma surpresa. Desta vez, quem perde a paciência com a falta de iniciativas das autoridades estaduais é uma categoria diferente de operários, ou seja, os que mourejam para uma das mais nobres causas, ou seja, a defesa dos desprotegidos, dos desvalidos, que agonizam à falta de Justiça, dentro e fora das prisões. Os defensores públicos, depois de longos anos de apelos a vários governantes estaduais, trazem a público alguns fatos que chegam a causar indignação. Conforme afirmam os dirigentes da Defensoria Pública do Estado do Ceará, os problemas não se limitam aos baixos salários e complexas condições de trabalho. Na verdade, esta situação se estende, também a um fator mais preocupante: o déficit” de defensores, que é gritante. O pior é que, dos profissionais existentes há alguns anos, a maioria deles, terminou tomando outros rumos. Com isso, o trabalho dos defensores remanescentes termina redobrado. Mas o pior é que, embora nos 183 municípios do Interior, cresça a cada dia a quantidade de pessoas necessitadas de Justiça, apenas 46 deles contam com esses profissionais. Ou seja, em 80% dos municípios do Estado, os desvalidos, ou arranjam quem lhes pague advogados, ou se conformam a ficar sem Justiça. Uma lástima, diante de países como Estados Unidos, Canadá, Espanha e outros, onde pode faltar de tudo, menos defensores públicos. Enquanto isso, deputados, de olho nas eleições, nem se lembram dessa deficiência vergonhosa no nosso Estado.
Jornal O Estado – Política – Coluna Fernando Maia
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